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A Sobriedade dos Bêbados

Por Marcelo Pereira A embriaguez parece ser o novo tipo de sobriedade. Como a loucura é um novo tipo de lucidez. Como a maioria das pessoas é alcoólatra, fica a impressão de que os sóbrios é que estão bêbados, ao se recusarem aderir a sobriedade coletiva das pessoas embriagadas. Eu nunca gostei de bebidas alcoólicas. Não por ser carola, pois eu nunca fui muito correto de fato. Talvez por não precisar da bebida para enlouquecer. Já sou um pouco doido. Recusar em imitar a maioria em si já é um ato de loucura. Por isso que ovelhas negras sempre são mandadas ao estaleiro. Só pode ser defeito de fabricação, só pode... Talvez os bêbados estejam em busca de sua própria sobriedade. Difícil, pois, com a cara cheia, cheios de si e de saco cheio da vida, não conseguem pensar direito. "Bom, sobriedade, vamos ver... Deixa que depois da ressaca pensarei". E não pensa. Pois depois da ressaca lá vem mais outra bebedeira. Bêbados não conseguem imaginar a sobriedade sem um copo de cerveja ou u
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Respeito às diferenças

Por Marcelo Pereira Dois amigos conversam. - Olá amigo! - Olá! - Que bom dois amigos se darem bem nos dias de hoje, sabe como é. A maioria se odeia, vive brigando por qualquer motivo. - É verdade, por uma divergenciazinha, já querem até se matar. - Mas eu fico feliz com a nossa amizade. - Eu também. Respeitamos as nossas diferenças e por isso nos damos bem. - Não somos obrigados a concordar com tudo. - Claro e para comemorar a nossa amizade respeitosa, vou convidar você para assistir ao jogo de meu time de futebol no final de semana. - Pena, mas não vou. - Não vai porque não pode? Tem algum compromisso? - Não amigo. É que eu... humm... eu não sou muito ligado em futebol. - Como é que é? Você não gosta de futebol. - É... eu não curto futebol. - Você deve estar brincando. Brasileiros gostam de futebol. Você  não é brasileiro? - Sou, mas prefiro outras coisas. Outros esportes. Tênis, surfe... - Não é possível. Um brasileiro não gostar de futebol... - Mas eu não sou obrigado a gostar de fu

Fora de Forma

  Por Marcelo Pereira Fora de Forma Fora da Fôrma Fora Fora da Fôrma Fora de Hora Ora Fora de Forma Fora da Norma Fora Ora que forma Ora, que Forma? Da hora Hora da Fôrma Forma que ora Ora Ora, que Fôrma? Ora que forma Fôrma? Fora de Forma Fora da Hora E não ora Ora que Forma Forma da Fôrma? Não ora Fora de Forma Fora da Fôrma da Hora Dê o fora Fora de Forma Fora da Fôrma Não ora? Vá embora!

Saiu o livro do Sedentário Diário!

Finalmente o primeiro livro de minha autoria, Sedentário Diário, com o melhor deste blogue e muita coisa inédita, foi lançado. O link está aí embaixo e o livro não é muito caro, custando a metade do preço de um livro com a mesma quantidade de páginas, cerca de 200. O SD custa apenas cerca de 35 reais.  O conteúdo é como vocês conhecem neste blogue: crônicas, poemas, contos, tudo em linguagem deliciosa e conteúdo inteligente, em um estilo jamais visto na literatura brasileira. Adquiram. Leitura excelente para quem ficar em casa nestes tempos de lockdown. Vocês vão se divertir e aprender bastante! Link para aquisição do livro aqui .

Kit Kat

Katherine. Ela é o que se pode chamar de surpreendente. Por muito tempo nem prestava atenção nela. Puxa, que erro!  Estava diante daquilo que eu sempre procurei para amar. Como pude ignorá-la? Katherine. Expressão máxima da meiguice, mesmo adulta, continua a exalar aquela meninice doce, típica das garotas mais românticas. Algo raro de se encontrar nas mulheres atuais, com o coração endurecido pelo feminismo mais misândrico. Como ela conseguiu ser diferente? Katherine. Quando ela aparece, parece que o sol se abre. Mesmo em tempestades mais hostis, ela é perfeita para se agasalhar comigo em uma cama quentinha. Bem coladinhos, sob o edredon do amor. Katherine. Sua beleza é impressionante. Mesmo assim, surpreendente. Ela tem aparência provocante. Sua estampa sensual contrasta deliciosamente com o jeitinho gracioso de uma menina que se recusa a crescer. Mas cresce maravilhosamente. Como mulher e como menina.  Katherine. Como você pode existir? Como a natureza teve a audácia de criar algo qu

Boa Vida Distopia - Phoebe

Por Marcelo Pereira Acordei bem hoje. Um pouco cansado, mas bem. Custei a levantar porque andar longas distâncias deixa muito cansado, refletindo na manhã seguinte. Mas não posso me desanimar. Aparentemente, sou o único nesta cidade e tenho que agir. O hotel é bem confortável. Como não tem ninguém, pude entrar facilmente no lugar e escolher um quarto em andar baixo, já que a falta de energia desligou os elevadores. Foi fácil escolher e escolhi um quarto bom. Nem precisei arrombar, pois a chave estava a minha disposição no saguão abandonado. Só tive que fazer uma pequena faxina, pois a poeira estava em todo lugar. Ao descer fui ao restaurante do hotel e procurei o fogão, que ainda tinha bastante gás. Legal, devo almoçar por aqui quando a manhã terminar. Peguei um lombinho de porco para colocar como recheio no pão e assei no forno, ligado por um fósforo que havia no estoque. Após o delicioso café da manhã com frutas, pão e um delicioso suco de abacaxi, peguei a Phoebe com

Boa Vida Distopia - Dia 01

Por Marcelo Pereira Estou bem. Pelo jeito sou o único que estou vivo aqui. Uma pandemia de uma doença nova dizimou quase toda a população. Quase ninguém sobreviveu. Bom, pelo menos ninguém vejo aqui além de mim. Além de mim e de Phoebe, um filhote fêmea de pastor alemão que se apaixonou por mim e me seguiu por um bom tempo. Hoje estamos juntos e ela é a minha única companhia agora. Ela é a minha família. Como sou o único aqui, posso dormir onde quiser. Hoje acordei em um saguão de uma sede empresarial, após um bom sono num sofá grande e confortável. Aqui a comida é farta, pois há muitos mercados nesta avenida larga. Mas só posso pegar a comida não perecível, pois sem energia elétrica, tudo se estraga com facilidade. Como não há ninguém, simplesmente entro e pego o meu alimento. Meu e de Phoebe. Tudo que eu tenho é meu computador, que carrego em uma pasta, uma mochila e uma mala com rodas.  Peguei roupas o suficiente para trocar a cada dia, cinco vezes por semana. Tenho o